INTRODUÇÃO
Pensar sobre a forma com
vem sendo elaboradas a s reuniões pedagógicas nas escolas é uma temática
relevante, já que esse momento tem grande importância para o trabalho
pedagógico podendo qualificar a prática docente e diminuir com processos de
fragmentação do saber.
É no momento das reuniões
que professores podem promover espaços de troca de saberes experiências, falar
de seu trabalho, aprender pela prática educativa no coletivo. Esse momento pode
romper com processos de alienação e fragmentação do conhecimento, tantas vezes
discutidos por tratar o saber como forma segmentada.
Nesse trabalho
colaborativo entre professores, alunos e gestão escolar é possível atribuir
mecanismos para a reflexão, estudo e aproximação entre a teoria e a pratica
numa ação que contempla o pensamento critico e reflexivo.
1. APRESENTAÇÃO
O formato das reuniões
pedagógicas apresentados nas escolas têm deixado alguns questionamentos quanto
ao seu andamento. São momentos que podem ser pensados a partir da produção de
conhecimento e do estudo coletivo, contudo às vezes são temas deixados de lado.
As reuniões pedagógicas
são momentos muito importantes para o funcionamento da escola, tratando-se de
momentos em que os professores podem falar de suas angústias, de sua ação
docente, espaço onde se pode discutir de forma coletiva com vistas a qualificar
o trabalho do professor, agregando qualidade a prática educativa.
Esse projeto fundamenta-se
com base nessas questões, que são de extrema relevância para a ação do
professor, para a produção de conhecimento, para a formação continuada e para a
qualificação do professor e para a consolidação de uma educação de qualidade.
1.1
TEMA
Reuniões pedagógicas
1.2
PROBLEMA
As reuniões pedagógicas deveriam
constituir um momento de aprendizagem para os professores, mas geralmente se
voltam para recados, avisos e organização de espaço e apresentações decorrentes
de datas comemorativas.
1.3
JUSTIFICATIVA
As reuniões pedagógicas são momentos
importantes para o andamento do trabalho pedagógico. Questões de aprendizagem
devem ser temas constantemente debatidos nas reuniões escolares, para que esse
momento seja mais um instrumento de contribuição no processo de ensino e
aprendizagem.
Esses momentos podem contribuir para
formação do professor, vale salientar que é na relação com os colegas que
professores podem pensar suas práticas num momento de reflexão, fundamentação e
construção teórica. Essas questões são de extrema relevância para a ação
docente, devendo tornar-se uma prática cotidiana nas escolas.
1.4
OBJETIVOS
1.4.1 OBJETIVO GERAL
Investigar se as reuniões
de escolas públicas são momentos de estudo, discussão e reflexão sobre a
prática pedagógica.
1.4.2 OBJETIVOS
ESPECÍFICOS
Observar como são organizadas as reuniões em relação;
Identificar momentos de
estudos coletivos nas reuniões pedagógicas;
Averiguar momentos de
debates reflexivos sobre a prática educativa.
- REVISÃO
TEÓRICA
As
reuniões pedagógicas têm a função de proporcionar aos professores momentos de
trocas de experiências, angústias e saberes. Nem sempre esses são
momentos proporcionados aos professores que muitas vezes precisam dividir esse espaço
com assuntos burocráticos e recados. A reunião pedagógica deve ser um momento
de partilha para que se possa buscar a aproximação entre a teoria e a prática,
rompendo com processos de rupturas na educação. Dessa forma Libâneo salienta
que
[...] uma prática
reflexiva - nas reuniões pedagógicas, nas entrevistas com a coordenação pedagógica,
nos cursos de aperfeiçoamento, nos conselhos de classe e etc. – leva a uma
relação ativa e não queixosa com os problemas e
dificuldades. (LIBÂNEO, 2001 p 190)
É nessa
relação de troca de saberes e experiências que é possível efetivar a prática
docente e a construção do professor em momentos de estudos e debates que
acontece no coletivo. Vasconcellos afirma que
Devemos considerar
que o trabalho do professor tem uma dimensão essencialmente coletiva: não é o
único que atua na escola e o que faz não é para si, já que presta um serviço a
comunidade. Além disto, o sujeito isolado, lutando por uma nova ideia, não vai
muito longe. A reunião semanal é um momento especial para o resgate deste
coletivo. (VASCONCELLOS, 2006 p 120)
É no
momento das reuniões que professores podem estabelecer suas parcerias, trocar e
qualificar suas ideias, agregando experiências dos outros e formando seu grupo
de trabalho. Ter essa visão do trabalho coletivo é importante para que a troca
aconteça efetivamente. É nesse momento que o trabalho do coordenador possui
extrema importância, já que ele tem a função de articular saberes da prática
dos professores com conhecimento teórico, criando oportunidade de debate e
reflexão, aproximando teoria e prática. Quanto ao trabalho do coordenador
pedagógico Libâneo ressalta que
Seu trabalho está a
serviço das pessoas e da organização, requerendo deles uma formação específica
para buscar soluções para os problemas, saber coordenar o trabalho conjunto,
discutir e avaliar a prática, assessorar e prestar apoio logístico aos
professores na sala de aula. (LIBÂNEO, 2001 p 181)
Além
de criar um ambiente propício ao estudo e a resolução de problemas o trabalho
do coordenador pedagógico deve envolver-se profundamente com questões de aprendizagem,
a fim de que se possa promovê-la. Para o pesquisador e escritor Libâneo (2001)
a prática do coordenador pedagógico deve acontecer de maneira que possa haver
troca e situações de reflexão e investigação sobre o trabalho docente. Nesse sentido Libâneo colabora ao dizer que
A coordenação
pedagógica tem como principal atribuição a assistência pedagógico-didática aos
professores, para se chegar a uma situação ideal de qualidade de ensino
(considerando o ideal e o possível), auxiliando-os a conceber, construir e
administrar situações de aprendizagem adequadas às necessidades educacionais
dos alunos (LIBÂNEO, 2001p 183.
O
trabalho do coordenador nas reuniões deve priorizar questões de aprendizagem,
das dificuldades encontradas pelo professor na sua ação. Colaborar com os
professores, para que possam buscar, na medida do possível, ações para as
dificuldades encontradas, pensando ações de aprendizagem, de avaliação,
currículos e tudo aquilo que constitui a essência da escola.
As
reuniões pedagógicas devem acontecer periodicamente, nesses encontros os
professores e a coordenação podem abordar questões necessárias ao andamento da
escola, como a passagem de recados e a organização de eventos escolares. Mas é
crucial que a prática pedagógica, a troca de experiência, a voz dos professores
sobre sua prática devem sempre estar em evidência, pois isso constitui um
momento rico de formação continuada, é na ação diária da prática pedagógica que
o sujeito se constitui como professor, elaborando questões do cotidiano. Dessa
forma Libâneo contribui ao afirmar que
A formação continuada
é condição para a aprendizagem permanente e o desenvolvimento pessoal, cultural
e profissional. É na escola, no contexto do trabalho, que os professores
enfrentam e resolvem problemas, elaboram e modificam procedimentos, criam e
recriam estratégias de trabalhos e, com isso, vão promovendo mudanças pessoais
e profissionais. (LIBÂNEO, 2001 p.189)
É no
ambiente da escola, na ação diária que o professor aprende a lidar com as
várias situações que se apresentam. Isso constitui um espaço contínuo de
aprendizagem e elementos de pesquisa para além da formação continuada e sim uma
formação permanente, o professor está em contínuo processo de aprendizagem, por
tratar-se de uma profissão essencialmente humana. Nesse sentido Libâneo
salienta que
Uma formação
permanente que se prolonga por toda a vida, torna-se crucial numa profissão que
lida com saberes e com a formação humana, numa época em que se renovam os
currículos, introduzem-se novas tecnologias, modificam-se os comportamentos da
infância e da juventude, acentuam-se os problemas sociais e econômicos. (LIBÂNEO
2001 p 189)
A escola
é um ambiente extremamente segmentado e burocratizado, podemos verificar isso
nos temas que aparecem com frequência nas pautas das reuniões, e que de certa
forma tornam-se os principais assuntos. Vasconcellos (2006) diz que a reunião
semanal pode transformar-se num momento de reflexão, em que os professores
podem partilhar de suas experiências e angústias e também de seus sonhos. Esse
momento quando bem organizado e elaborado pode contribuir também para a
construção de projetos e para o estudo. Nesse sentido Vasconcellos afirma que
Esta atividade
favorece a consolidação de uma continuidade educativa (por possibilitar a
superação de célebres justaposições ou rupturas no processo de ensino), bem
como a formação de uma autêntica equipe de trabalho, dando maior coesão e
interação, e não apenas o ajuntamento de profissionais que, por mais brilhantes
que sejam, se não desenvolverem esta competência de trabalhar coletivamente,
não garantem o processo emancipador. (VASCONCELLOS, 2006 p 121)
Nessa
ação de refletir coletiva e criticamente a prática pedagógica que é possível
discutir uma ação transformadora, observar aspectos negativos e positivos e
considerar elementos que podem ser agregados no trabalho do professor. Dessa
forma Vasconcellos colabora ao dizer que
A reunião pedagógica é um espaço privilegiado para resgate do
saber de mediação do professor, qual seja a mediação que o docente faz entre os
saberes das ciências de referência com as quais trabalha e os saberes
pedagógicos (o saber do cotidiano da sala da aula). Todavia, o saber do professor
tem outra referência: sua prática refletida, que vai além do modelo clássico
Teoria/Prática, no qual o professor, durante sua formação, aprenderia conceitos
gerais e abstratos que trataria depois de traduzir em práticas concretas.
(VASCONCELLOS, 2006 p 123)
As
reuniões pedagógicas são momentos de aprendizagem, aprende-se pela ação do
outro, na troca de experiência, no processo de colocar sua ação docente em
questão, suas dificuldades, pensar coletivamente sobre que aspectos favorecem o
processo de aprendizagem.
3.
METODOLOGIA
A pesquisa será realizada
por meio de observações em duas escolas, uma no município de Tramandaí e uma
escola estadual no município de Osório. Os dados coletados serão registrados
num diário de campo para serem confrontados com teóricos que tratam dessa
temática posteriormente.
- CRONOGRAMA
Meses
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Atividades
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Julho
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Orientações sobre o projeto
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Agosto
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Coleta de dados/Observações
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Setembro
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Coleta de dados/Observações/Revisão da literatura Escrita do
projeto/Entrevista
|
Outubro/Novembro
|
Escrita do artigo
|
Dezembro
|
Apresentação e entrega do artigo
|
5.
ANÁLISE PARCIAL DE DADOS
Há certa distância entre a
teoria e a realidade sobre a forma como acontecem as reuniões pedagógicas nas
escolas. As reuniões têm acontecido de forma mecânica e compartimentada,
demonstrando pouca preocupação com a verdadeira essência da escola: o processo
ensino-aprendizagem.
Essa realidade acarreta
mais distâncias e rupturas no fazer pedagógico no interior das escolas. São
poucos ou inexistentes os momentos de debate e reflexão, promovendo um
histórico de alienação. Nesse sentido Vasconcellos ressalta que
Sabemos que a fragmentação da vida e
do saber fragiliza a pessoa, e é uma estratégia da classe dominante para sua
perpetuação. Um dos macroprocessos que se instalou em nossa civilização é
precisamente a divisão social do trabalho: uns pensam decidem e ficam com os
resultados; outros executam e recebem o mínimo para sobrevivência.
(VASCONCELLOS, 2006 p 119)
Essa é uma divisão da
sociedade, que a escola reproduz no seu interior. O saber é fragmentado, as
pessoas estão isoladas, o currículo é dado a priori, desconsiderando o grupo de
alunos e professores. A escola como espaço de promoção do saber, precisa romper
com esse processo que segmenta e desagrega. As reuniões podem ser um bom
momento para elaborar questões de aprendizagem e currículo de forma reflexiva, a
partir do conhecimento daqueles que estão envolvidos nesse processo. Nesse
sentido Libâneo corrobora dizendo que
[...] nesse espaço é possível a
criação e desenvolvimento de novos comportamentos, novos habitus. Reaparece, aí, a necessidade de as escolas cultivarem
momentos de prática reflexiva, pois dessa reflexão sobre a ação podem nascer
mudanças na estrutura de relações vigente na escola visando criar uma nova
cultura organizacional. (LIBÂNEO 2001 p 195)
Ao ser questionado sobre a
existência de um momento para debate sobre a prática educativa a escola A
responde que há, mas é um debate que fica limitado as queixas das professoras
sobre o comportamento dos alunos, havendo pouca exposição do trabalho e
partilha de saberes. A escola B respondeu que não há nas reuniões esse espaço
mas que sempre está aberta para ouvir os professores, podendo realizar
atividades para isso, e que no momento do conselho de classe cada um tem tempo
para suas exposições. Dessa forma Libâneo diz que
A organização desse espaço implica a
criação de lugares e tempos que incentivem as trocas de experiências entre os
professores e professores e alunos, de modo a se implantar uma cultura
colaborativa. Há um papel de destaque nisso da direção e coordenação pedagógica
da escola para apoiar e sustentar esses espaços de reflexão, investigação,
negociação e tomadas de decisão colaborativa. (LIBÂNEO, 2001 p 196)
Quando questionados
sobre a existência de um momento para estudo dos professores nas reuniões
pedagógicas a escola A mencionou sempre levar um texto para discussão e debate e
a escola B disse nunca ter levado um tema para estudo nas reuniões.
Os dados coletados
nas escolas demonstraram uma visão fragmentada, um momento coletivo, de
importância para a educação, utilizado de forma equivocada, com temas que
desestimulam os professores, não acrescentam saber a sua ação e tampouco
colaboram para a produção da prática refletida, tornando uma constância no
processo educacional. Nesse sentido Vasconcellos ressalta que
Os
sujeitos vão sendo despertados para uma nova consciência pela convivência
reflexiva, e isso permite a cada um assumir tarefas num nível cada vez mais
profundo e crítico. Esta prática vai minando a corrente de alienação e prepara
um movimento maior de mudança. A escola deve participar desse processo: uma
nova estrutura, para favorecer a reagregação do homem, deve permitir o
encontro, a reflexão, a ação sobre a realidade, numa práxis libertadora.
(VASCONCELLOS, 2001 p 119)
A escola tem em seu poder grandes momentos para romper com esses
processos, que colaboram para promoção da alienação. Utilizar esses momentos
para tornar a prática refletida colabora para a promoção de uma pratica
transformadora.
6.
REFERÊNCIAS
LIBÂNEO, José Carlos.
Organização e gestão da escola:
teoria e prática. Goiânia: Editora Alternativa, 2001.
VASCONCELLOS, Celso
dos Santos. Coordenação do trabalho
pedagógico: do projeto político-pedagógico ao cotidiano da sala de aula.
São Paulo: Libertad Editora, 2006.
Por reuniões de
professores entende-se o encontro formal entre a direção, a coordenação
pedagógica e os professores para tomar decisões sobre questões pedagógicas,
administrativas e financeiras da escola. (LIBÂNEO p 225)
A reunião de
professores é uma necessidade da organização escolar mas é também um espaço de
formação continuada, de comunicação e de
construção coletiva da organização e gestão da escola, portanto, de promoção da
aprendizagem. (LIBÂNEO p 225)
O coordenador
pedagógico supervisiona, acompanha, assessora, apoia, avalia as atividades
pedagógico-curriculares. Sua atribuição prioritária é prestar assistência pedagógico-didática
aos professores em suas respectivas disciplinas, no que diz respeito ao
trabalho interativo com os alunos. [...] Outra atribuição que cabe ao
coordenador pedagógico é o relacionamento com os pais e a comunidade,
especialmente no que se refere ao funcionamento pedagógico-curricular e
didático da escola e comunicação e interpretação da avaliação dos alunos.
(LIBÂNEO p104)
ANEXOS
Entrevista
Que aspectos são
considerados na elaboração da pauta das reuniões pedagógicas?
Os professores
participam da elaboração das pautas? De que forma?
Com que
frequência acontecem as reuniões?
Qual o tempo de
duração das reuniões?
Há uma divisão
entre temas pedagógicos e administrativos? Como é feita essa divisão?
É proporcionado
aos professores momentos de trocas de saberes e experiências?
É reservado um
momento de estudo nas reuniões?
Há um momento de
debate sobre a prática educativa?
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Obrigado pela dica, Vasconcellos apareceu em um concurso e perdi a questão !
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