sábado, 29 de junho de 2013

Resenha Foucault

O que querem as escolas?

Este é um texto essencial para qualquer pessoa, principalmente àquelas que estão ligadas à educação. Nesse escrito a autora nos leva a fazer uma reflexão acerca de nossas práticas dentro das escolas e das salas de aula.
O texto vigiar e punir ou educar, da autora Inês Lacerda Araújo possui dez páginas divididas em seis subtítulos, foi publicado na Revista Educação Especial: Biblioteca do Professor faz uma análise sobre o pensamento de Foucault e nos leva a uma reflexão a respeito de quais estilos de vida estamos criando, dentro de uma sociedade que tem por princípios vigiar e punir, formar corpos dóceis, produzir sujeitos submissos.
Foucault questiona as filosofias do sujeito, que pressupõem o homem como uma essência pensante, diz que o sujeito é constituído não constituinte, diz ainda que o sujeito é constituído por práticas disciplinares, das quais surge todo o tipo de saber, organizado em torno da norma o que possibilita controlar o indivíduo. O poder do tipo disciplinar sujeita o indivíduo ao mesmo tempo que o objetiva, que resulta num tipo de saber que serve para examinar a conduta , qualificar, corrigir, induzir à normalidade, à sanidade.
Para Foucault o exercício do poder cria objetos do saber, os faz emergir, opera por meio do discurso. Esse poder age sobre os corpos, a autora diz ainda, baseada no pensamento do teórico, que o cruzamento de relações de poder é que permite a dominação de uma classe sobre outras, pelas técnicas de vigilância e punição se obtém efeitos reais, como sujeitar os corpos, endireitar o comportamento. Segundo sua teoria o sujeito sujeitado e disciplinado é muito mais útil aos mecanismos econômicos e políticos. Assim nessa sociedade disciplinar se produzem corpos dóceis e capazes.
O texto nos mostra que todo o ambiente escolar é pensado para garantir a disciplina, a localização das carteiras, que permite a individualização, a alfabetização que respeita uma ordem. Essas redes disciplinares penetram as instituições do Estado, da justiça, do governo, dos hospitais, das fábricas, das escolas, dos quartéis, tudo isso para levar à submissão.
Em relação à escola Foucault diz ainda que o espaço escolar é uma máquina de aprender, mas também de vigiar, hierarquizar e premiar. Faz uma crítica ao ambiente escolar, nesse sentido diz que o exercício é uma forma de empregar o tempo e os horários, as atividades são cobradas para aprovar, reprovar, castigar, premiar. A qualificação e norma se obtêm pelos castigos, pune-se a desatenção, a ausência, o não cumprimento das tarefas, a desordem. Tudo que foge à norma deve ser corrigido e punido. A observação dos gestos, do comportamento, dos desejos é transcrita na forma de gráficos, boletins. O corpo da criança se tornou objeto de manipulação e condicionamento.

Conforme a autora do texto podemos dizer que a escola não educa, apenas disciplina, cabe a nós denunciar essa violência, esse modelo, criar novas políticas do corpo, que proporcionam autonomia, reconhecer o caráter inacabado das instituições, abrir caminho para a crítica, para que haja pessoas educadas, criativas, que é justamente o que as escolas deveriam produzir. Sem indagar o que queremos não é possível criar novos estilos de vida pautados por atos éticos, de liberdade e autonomia, que possam construir outras formas de subjetividade mais prazerosa, estilos de vida mais criativos, plurais, com lugar para a diferença. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário