O que querem as escolas?
Este é um texto essencial para qualquer pessoa,
principalmente àquelas que estão ligadas à educação. Nesse escrito a autora nos
leva a fazer uma reflexão acerca de nossas práticas dentro das escolas e das
salas de aula.
O texto vigiar e punir ou educar, da autora Inês
Lacerda Araújo possui dez páginas divididas em seis subtítulos, foi publicado
na Revista Educação Especial: Biblioteca do Professor faz uma análise sobre o
pensamento de Foucault e nos leva a uma reflexão a respeito de quais estilos de
vida estamos criando, dentro de uma sociedade que tem por princípios vigiar e
punir, formar corpos dóceis, produzir sujeitos submissos.
Foucault questiona as filosofias do sujeito, que
pressupõem o homem como uma essência pensante, diz que o sujeito é constituído
não constituinte, diz ainda que o sujeito é constituído por práticas
disciplinares, das quais surge todo o tipo de saber, organizado em torno da
norma o que possibilita controlar o indivíduo. O poder do tipo disciplinar
sujeita o indivíduo ao mesmo tempo que o objetiva, que resulta num tipo de
saber que serve para examinar a conduta , qualificar, corrigir, induzir à
normalidade, à sanidade.
Para Foucault o exercício do poder cria objetos do
saber, os faz emergir, opera por meio do discurso. Esse poder age sobre os
corpos, a autora diz ainda, baseada no pensamento do teórico, que o cruzamento
de relações de poder é que permite a dominação de uma classe sobre outras, pelas
técnicas de vigilância e punição se obtém efeitos reais, como sujeitar os
corpos, endireitar o comportamento. Segundo sua teoria o sujeito sujeitado e
disciplinado é muito mais útil aos mecanismos econômicos e políticos. Assim
nessa sociedade disciplinar se produzem corpos dóceis e capazes.
O texto nos mostra que todo o ambiente escolar é
pensado para garantir a disciplina, a localização das carteiras, que permite a
individualização, a alfabetização que respeita uma ordem. Essas redes
disciplinares penetram as instituições do Estado, da justiça, do governo, dos
hospitais, das fábricas, das escolas, dos quartéis, tudo isso para levar à
submissão.
Em relação à escola Foucault diz ainda que o espaço
escolar é uma máquina de aprender, mas também de vigiar, hierarquizar e
premiar. Faz uma crítica ao ambiente escolar, nesse sentido diz que o exercício
é uma forma de empregar o tempo e os horários, as atividades são cobradas para
aprovar, reprovar, castigar, premiar. A qualificação e norma se obtêm pelos
castigos, pune-se a desatenção, a ausência, o não cumprimento das tarefas, a
desordem. Tudo que foge à norma deve ser corrigido e punido. A observação dos
gestos, do comportamento, dos desejos é transcrita na forma de gráficos,
boletins. O corpo da criança se tornou objeto de manipulação e condicionamento.
Conforme a autora do texto podemos dizer que a escola
não educa, apenas disciplina, cabe a nós denunciar essa violência, esse modelo,
criar novas políticas do corpo, que proporcionam autonomia, reconhecer o
caráter inacabado das instituições, abrir caminho para a crítica, para que haja
pessoas educadas, criativas, que é justamente o que as escolas deveriam
produzir. Sem indagar o que queremos não é possível criar novos estilos de vida
pautados por atos éticos, de liberdade e autonomia, que possam construir outras
formas de subjetividade mais prazerosa, estilos de vida mais criativos,
plurais, com lugar para a diferença.
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