sábado, 29 de junho de 2013

PPP na escola

Introdução
 O presente trabalho foi realizado através de pesquisas em escolas das cidades de Osório e Tramandaí. O nosso objetivo foi verificar se as escolas tinham Projetos Políticos Pedagógicos e se elas os utilizam em seu dia a dia. Através dos dados coletados, constatamos que as instituições não fazem o que realmente está escrito no papel e que algumas delas, desconhecem o que está escrito no documento. Por meio das respostas coletadas, elaboramos duas categorias sobre o assunto: Formação do aluno crítico e reflexivo e Uma escola que prime pela qualidade de ensino.  
Formação do aluno crítico e reflexivo

 É uma prática comum encontrarmos PPPs recheados com palavras que levam a construção de um sujeito crítico e reflexivo, porém o que se pode perceber é uma enorme falta de interesse. Não há planejamento ou não há sua aplicação com aulas que se restringem a cópia e a reprodução do conhecimento onde muito pouco se cria, ficando o aluno assim impossibilitado de produzir seu próprio conhecimento. Segundo Deleuze, aprendemos que “sem criação não há aprendizagem, pensamento, nem vida."(Deleuze,p.57).
É possível que se desenvolva um sujeito crítico e reflexivo sem dar a criar? Sem deixar o aluno pensar? Com uma pequena busca podemos perceber que nossos modelos educacionais evoluem a passos estreitos e que encontramos nas salas de aulas práticas muito antigas. Conforme SANTOS, “o método usado para formar o aluno era o da imitação [...], o processo de ensino aprendizagem era do fazer através da cópia."
     Assim se a escola não tiver um planejamento que se preocupe com os seus alunos e com as suas realidades, a escola acabará formando cidadãos passivos e fora do perfil desejado para o mercado de trabalho. Em seu livro Gestão de Ensino e Práticas Pedagógicas HENGEMÜHLE diz que:


"Hoje, o perfil de profissional que as empresas estão buscando, já não é mais apenas teórico, como no passado. Profissionais que já prestaram serviços gratuitos para classes menos favorecidas, ou pessoas excluídas, que tenham tido uma função de liderança (grêmio estudantil, por exemplo), entre outros, são aqueles que têm sido preferidos. As empresas sabem que profissional com esse perfil pode contribuir na construção de um clima favorável, ajudar a empresa a atingir suas metas de produção porque além de ser empreendedor, líder, é capaz de engajar-se em projetos coletivos e ser uma referência no grupo, para sensibilizar e envolver as pessoas." (HENGEMÜHLE)


Uma escola que prime pela qualidade de ensino

     É competência da escola, pensar sobre que aluno/cidadão se quer formar, que características nosso ensino deve deixar nos alunos, e essa é uma prática que se inicia no planejamento. Esses são fatores que vão contribuir para que a escola busque um ensino de qualidade. A instituição precisa se questionar sobre de que maneira e meios os professores conduzem suas práticas, como media situações em sala para que seu aluno produza conhecimento, se há uma preocupação com práticas ultrapassadas que levam em consideração o contexto e a realidade em que seu aluno esta inserido.
                              
                                    
 Produzir conhecimento não é repetir conteúdos, mas sim, tende visão sistêmica e interdisciplinar, levar os estudantes a trazer os fatos e os problemas do contexto, refletir os mesmos a partir dos conteúdos teóricos e possibilitar ao estudante fundamentado nas teorias abordadas a mostrar sua compreensão e a sua capacidade para solucionar problemas. (HENGEMÜHLE, pg. 7).
  
 Acreditamos que não é a mera reprodução de conteúdos, a cópia, a repetição dos discursos que vai impulsionar, em termos de qualidade, o cenário da nossa educação. Professores desmotivados, desinteressados também contribuem para precariedade do nosso ensino, pois como diz HENGEMÜHLE, "para haver a compreensão na prática pedagógica, o estudante precisa ser levado, de forma interessada e motivadora."Essas são abordagens que precisam estar bem planejadas, fundamentadas, caso contrário, vão se perdendo pelo caminho, também se faz necessário um grupo de estudos entre os professores para nortear suas ações dentro do planejamento.

 Devemos inferir, portanto que a educação de qualidade é aquela mediante a qual a escola promove, para todos, o domínio dos conhecimentos e o desenvolvimento de capacidades cognitivas e afetivas indispensáveis ao  atendimento de necessidades individuais e sociais dos alunos, bem como a inserção no mundo e a constituição da cidadania também como poder de participação, tendo em vista a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.( ( LIBÂNEO, OLIVEIRA, TOSHI,2003)

 É através de um planejamento construído em bases sólidas que poderemos dar conta desse novo sujeito exigido pela sociedade contemporânea, com professores agindo conforme seus planejamentos, pois nosso modelo de ensino, por vezes, sem estrutura, um modo de fazer de qualquer maneira já não serve mais na atualidade.
   
 Diante da globalização econômica, das transformações dos meios de produção e do avanço acelerado da ciência e da tecnologia, a educação escolar precisa oferecer respostas concretas para a sociedade, formando quadros profissionais para o desenvolvimento e para a geração de riqueza que sejam capazes, também, de participar criticamente desse processo. Em relação às tarefas do sistema de ensino, mais uma vez há que reconhecer a urgência da elevação dos níveis científico, cultural e técnica da população básica e a melhoria da qualidade de ensino. ( LIBÂNEO, OLIVEIRA, TOSHI 2003)
   O mundo contemporâneo exige um sujeito crítico e reflexivo, que conseguiremos com práticas mais ousadas que levem o aluno a pensar, a criticar a criar. Modelos prontos, planejados a qualquer modo para todos em qualquer tempo já não pode dar conta. O papel de transformar o sujeito num cidadão que participa ativa e criticamente é essencialmente da escola.
Essa seria uma prática que teria início já nos primeiros anos escolares, até mesmo com crianças pequenas. Afinal se desejamos alunos, futuros cidadãos críticos e participantes na sociedade devemos tomar como referência nossas práticas que vão ao desencontro de nosso discurso. Se por um lado levantamos a bandeira da pós modernidade e do uso das novas tecnologias, permanecemos nas salas realizando velhas práticas delimitadas em folhas pré planejadas e rotinizando o ensino sem fundamentá-lo muitas vezes. Numa análise mais profunda perceberemos que desde muito cedo crianças pequenas vão sofrendo o que chamamos de “disciplina”, ou seja,  o cerceamento do corpo, uma prática que nada tem a ver com a criação, com a liberdade e com a potencialização do uso da imaginação. Assim vão se formando os novos sujeitos da nossa sociedade.
    
Conclusão

Com a realização desse trabalho, concluímos que é de suma importância que as escolas tenham um PPP para orientar sua prática pedagógica. É necessário que todos os professores que trabalham na instituição conheçam o PPP e também coloquem em prática tudo o que está escrito nele. Ao analisarmos o PPP de uma escola, observamos que a instituição quer formar pessoas críticas, que buscam justiça e que tenham iniciativa, mas no próprio PPP consta no processo de ensino aprendizagem que a aprendizagem dos alunos ocorre de maneira tradicional, ou seja, o professor transmite conhecimentos, realiza avaliações e mede o aproveitamento do aluno. Como o aluno vai se tornar uma pessoa crítica, se os professores não deixam os alunos se expressarem e continuam usando métodos antigos e mecânicos para ensinar os educandos. Alunos e professores precisam ter uma relação de amizade e afeto, juntamente com isso os professores precisam criar novas maneiras de ensinar para que os alunos tenham desejo em aprender. Deleuze ensina que “não há um modelo a imitar. Há um mundo a ser criado. O novo, não se opõe ao velho, não é o futuro melhor perante o passado. O novo opõe-se ao rotineiro, previsível, ordinário”. (Deleuze, p. 57). Se não houver uma mudança nas atitudes de alguns professores sobre a forma de ensinar os alunos, como eles se tornarão críticos,    
autônomos, educados e reflexivos?   



Referências:

HENGEMUHLE, Adelar. Gestão de ensino e práticas pedagógicas na contemporaneidade.
DELEUZE, Gilles. O que pode um professor? Educação especial biblioteca do professor, editora Segmento.
LIBÂNEO, José Carlos- OLIVEIRA, João Ferreira - TOSHI, Mirza Seabra- Educação Escolar: políticas, estrutura e organização, cortez 2003 editora SP.
HENGEMUHLE, Adelar- desenvolver habilidades, formar para comp: modelos novos, práticas antigas.

SANTOS, Rebeca da Silva- Caminhando para o processo crítico e reflexivo do aluno -  anuário da produção de iniciação científica docente vol. XII, Nº 13, Ano 2009.

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